A difícil tarefa de educar…

Foto Autor Post por Daniele Passos

Li outro dia uma frase que diz algo do tipo : “ Se promover a educação não está lhe dando trabalho, é porque você não está educando”. Penso que esta frase é bem adequada para os dias atuais.

 

Tenho a sensação de que alguns pais se sentem coagidos em educar seus filhos de maneira firme e intermitente.

 

Vivemos em tempos de valorização da felicidade, do consumo e do gozo. A frustração de ouvir NÃOS da vida é experimentada como a desintegração do EU.

 

Afirmações tais como: não quero me frustrar, porque dói; não quero sentir dor; não quero sentir falta de nada, atravessam nossa subjetividade e, conseqüentemente, a subjetividade dos pequenos que estão em formação e crescimento emocional, subjetivo e corporal.

 

Assim, com a bandeira levantada: vamos ser apenas felizes! Pais estão perdendo o controle! A permissividade toma conta da relação familiar.

 

Perguntas do tipo: Porque meu filho não me obedece? Posso ser amigo do meu filho? Como faço para meu filho me respeitar? Porque meu filho me responde? São cada vez mais freqüentes em consultórios de psicologia.

 

A primeira coisa que precisamos ter em mente é que a relação entre pais e filhos deve ser uma relação vertical, de hierarquia e papeis sociais distintos e bem definidos. Faça uma reflexão e  pergunte-se: quem manda na sua casa; quem decide o que vai ter para o jantar; quem decide o horário de dormir; quem decide quanto tempo seu filho fica conectado à internet; quem decide o horário do banho; quem decide quando comprar um novo brinquedo?

 

Essas são perguntas simples e que se a resposta for: “meu filho!” Ou, “sei que deveria ser eu, mas acabo cedendo aos desejos do meu filho”. Saiba que em sua casa os papéis não estão bem definidos e que será difícil de seu filho obedecer, quando você desejar impor os limites.

 

Crianças podem e devem ter autonomia, independência, desejo e opinião! Entretanto, essas características pró-ativas devem ser resguardadas para o âmbito lúdico: quais brincadeiras ela gosta, quais leituras lhe agradam, quais filminhos e desenhos têm preferência. Coisas de crianças. Porém, coisas de adultos, são os adultos que devem deter as rédeas.

 

Devemos tomar cuidado para não transferir para as crianças obrigações e responsabilidades que elas não tem maturidade para discernir, pois somente conseguem olhar a vida com o olhar de criança, o que é ótimo.

 

Crianças pequenas não conseguem assimilar longas explicações. Um: não! Isso não pode! Machuca! Estão de bom tamanho para a compreensão dos pequenos.

 

Pais não são amigos dos filhos e nem irmãos mais velhos. Pais são pais. Durante o educar não devem “entrar na onda da criança” e retrucar toda a manifestação de contrariedade como se fosse um amiguinho do filho, pois senão, saem do plano vertical de autoridade e se igualam as crianças.

 

Pais não podem esquecer-se de nunca rir durante uma bronca; fingir que não viu que o filho saiu do castigo sem permissão; fazer de conta que não está ouvindo o berreiro, pois são exemplos de como a introjeção da autoridade dos pais  está falha.

 

E, para finalizar, outro fator importante é a parceira do pai e da mãe em educar. Filhos precisam perceber que os pais são parceiros na educação dos filhos. Pais que discutem ou divergem quanto ao modo de educar na frente dos filhos, causam fissuras emocionais e os filhos se sentem, muitas vezes, responsáveis pelas desavenças entre o casal.

 

Educar não é uma tarefa fácil. Mas sim muito importante. Feliz aquele que consegue educar sem impedir que o amor impere.