Motivação para o vestibular e para a vida
Palestra realizada para os alunos do 3º Ano do Ensino Médio da Escola Estadual “Prof. Atílio Innocenti –São Manuel/SP. Ano: 2016
Quando fui convidada para falar com jovens vestibulando que estão prestes a começar a bateria de provas para o vestibular, a primeira coisa que me veio a cabeça é que eu deveria estudar o assunto em profundidade, para oferecer aos ouvintes um conteúdo claro e útil. Portanto, eu deveria organizar meu pensamento e minha fala para poder, de alguma forma, conseguir tocar as emoções destes jovens sonhadores.
Foi quando me dei conta de que eu, também, estaria prestes a enfrentar uma prova nova, difícil e desconhecida, assim como, o vestibular é vivido pelos jovens: uma prova nova, difícil e desconhecida. Então, a única forma de tentar garantir um bom trabalho é estudar!
Penso que a palavra estudar carrega consigo uma memória afetiva não muito positiva, pois tenho a sensação que ela vem carregada de lembranças como: prova, avaliação, sucesso, fracasso, escola, reprovação, privação. Então, prefiro utilizar os termos: aquisição de conhecimento, vontade de aprender e curiosidade. Termos mais simpáticos para dizer sobre a implicação e o desejo de saber.
E falando em vestibular, a época do vestibular culmina com a entrada para a vida adulta, normalmente com a maioridade penal e penso ser a primeira grande decisão da vida que os jovens vão ter que passar. E não é nada fácil, pois contam com a expectativa da escola, da família, dos amigos e as próprias expectativas individuais.
O que fazer diante de uma fase tão difícil e de extrema expectativa e responsabilidade? Onde o sucesso e o fracasso são separados por uma linha muito tênue. Caso seja aprovado sou sinônimo de sucesso, caso seja reprovado sou sinônimo de fracasso?
Não, a vida não é tão linear assim! E não dá pra se definir uma pessoa como de sucesso ou de fracasso medindo apenas pela nota do vestibular. O vestibular não pode lhe definir como um todo. Vocês são bons filhos, bons alunos, bons amigos, bons netos, bons parceiros. Enfim, todos têm muitas qualidades que na época que antecede o vestibular tornam-se despercebidas.
Claro que é um momento tenso. Mas momentos tensos e decisões importantes surgirão pela vida toda. Aprender a se surpreender com a vida e passar por frustrações faz parte. O que não podemos deixar é que apenas uma prova seja vivenciada como o fim, e não como o começo.
Por este motivo não devo me preocupar com o vestibular? Devo contar com a sorte? Não! Pois tudo na vida que é sonhado e desejado é trabalhoso. A vida é trabalhosa! Pessoas descomprometidas com a vida vão dizer que “passar no vestibular é sorte”. E isso é uma inverdade! A pessoa que foi aprovada na prova do vestibular sabe o quanto de esforço e dedicação foi necessário para conseguir tal resultado positivo. E aqueles que não passaram, também, não significa que não tiveram sorte, ou não foram merecedores. Significa, apenas, que naquele dia, naquele momento outras pessoas conseguiram maior concentração e empenho na compreensão e execução das questões da prova.
Os três anos do Ensino Médio ou cursinho foram importantes para a aquisição de conhecimento e a capacitação para a prova do vestibular. Porém, a capacidade de concentração, equilíbrio e paz durante os dias de provas serão o alicerce para que o conteúdo seja possível de ser acessado à mente . Estudos comprovam que uma mente descansada e tranquila é capaz de acessar o conteúdo aprendido com maior eficiência. Assim, temos que evitar tensões para que não ocorram os chamados “brancos”, ou seja, eu sei, mas neste momento que eu preciso não consigo me lembrar.
Na internet eu li uma historinha onde a mãe preocupada com as noites mal dormidas do filho coloca em seu copo de água algumas gotas de calmante, para que seu filho durma bem durante a noite anterior do vestibular. O filho, por sua vez, para poder estudar a madrugada inteira antecedente a prova, coloca no chá de sua mãe o mesmo calmante. Resultado: os dois dormem e o filho não consegue chegar a tempo de fazer a prova do vestibular. Esta história serve de exemplo de como uma mente perturbada e preocupada pode colocar tudo a perder. Agora na reta final, o que foi feito , foi feito. O que pode ser estudado foi estudado. Precisa-se nos dias das provas calmaria. Apesar de ser uma fase importante ela não é decisiva. Vocês continuarão tendo família, fazendo aniversário, chegará o Natal e o Ano Novo. A vida continua. E no próximo ano é possível fazer novas provas.
Outra questão importante é espelhar-se em exemplos bons! Exemplos de quem conseguiu realizar um sonho, ao invés, de se espelhar em modelos que não deram certo. Sim, teve amigos do ano passado que não entraram, teve! Mas teve também aqueles que entraram. Teve amigo que não entrou e desistiu e foi apenas trabalhar, sim teve! Mas teve, também, aquele que além de precisar ir trabalhar pra ajudar a família, foi estudar a noite. Estamos na vida adulta! Sejam bem vindos!
O médico Dr. Drauzio Varella postou um vídeo onde ele responde a um seguidor sua trajetória para conseguir passar no vestibular. Ele conta que quando chegou ao terceiro colegial resolveu fazer cursinho durante o período da noite, e se deparou com um monte de alunos muito dedicados que sabiam muito mais coisas que ele. Num primeiro momento ele pensou: “Nunca vou conseguir fazer medicina. Esses colegas não saem, não passeiam não se divertem. E eu gosto de passear, sair com os amigos. Nunca vou conseguir”. Entretanto, num segundo momento, ele resolveu se dedicar, pois se imaginou muito frustrado caso não conseguisse entrar em medicina. Drauzio Varella não passou no vestibular ao concluir o 3º Ano do Colegial. Fez mais um ano de cursinho e conseguiu passar no vestibular de medicina da USP. Mas para isso, relatada que dedicou um ano inteiro de estudo. Conta que teve dias que passou 11,12, 13 horas estudando. Na visão do Dr Drauzio Varella, as pessoas vivem em média 70,80,90 anos, então se dedicar um ano apenas ao estudo, para realizar um sonho não seria algo tão complicado assim. Entretanto, o que ele diz ser mais significativo é ter despertado dentro dele o gosto por aprender, a curiosidade pelo conhecimento e isso fez tornar esse ano mais leve. Então voltamos ao começo de nosso texto, a curiosidade pelo saber é a mola propulsora para o sucesso, para o desejo e para a realização pessoal.
Além disso, vocês começam agora o legado da vida de vocês! Começam uma história individual, única, singular! Até aqui seus pais decidiram e tinham muito poder sobre vocês! Não que eles deixaram de serem pais. Nunca deixarão, mesmo quando vocês forem velhinhos. Entretanto, este é um momento de escolha e um momento de fazer sua rota da vida. Como diz o grande educador Mario Sergio Cortella: “ A vida é curta, mas ela não precisa ser pequena”. Cortella quer nos ensinar que a vida passa muito rápido, por esse motivo não podemos escolher viver uma vida pequena, morna, medíocre.
Não se acostume dizer, “vou fazer o que posso”! Diga “vou fazer o meu melhor”. Dizer que irá fazer o seu melhor, significa fazer o melhor de você, com as condições que você tem! Ou seja, no dia do vestibular, faça seu melhor! Seja dedicado e caprichoso na escola, no vestibular e na vida. Não seja pessimista! O pessimista pensa ser realista e que não terá nada de novo para oferecer ao mundo! Ser otimista dá mais trabalho, acerta-se, erra-se, decepciona-se, perde, vence, mas não se acomoda!
Vocês jovens vestibulandos estão apenas começando seu legado de vida e quero incutir em vocês o pensamento de que forma vocês querem serem lembrados daqui 30,40.50 anos? De que forma vocês passaram por essa vida, que é curta, mas que não precisa ser pequena? Como observou o Dr. Drazeo varella, quando decidiu dedicar-se ao estudo para realizar seu sonho de entrar na faculdade de medicina, sejam corajosos e valente. Pois somos mortais, mas podemos ser inesquecíveis por aquilo que fizemos durante toda nossa vida.