O lugar da infância e a família na atualidade

Foto Autor Post por Daniele Passos

Em virtude da experiência clínica de 11 anos e, também, por ter uma grande demanda de adolescentes em psicoterapia, observamos  que muitos apresentam fobias, transtornos obsessivo compulsivo (TOC), isolamento social e depressão. Tais sintomas são muito frequentes nos dias atuais. Percebemos que através do método de investigação psicanalítica, durante o processo da analise, o que observamos é a experiência primitiva e imatura ligada a sexualidade, seja real ou ligada a fantasia. Quanto mais severo o sintoma, mais severo a experiência precoce.

Como se comprova na prática clínica, os sintomas aparecem na adolescência, onde a vivência precoce toma sentido e a sexualidade é compreendida de um modo mais elaborado e real.

 

Além das experiências reais traumáticas envolvendo a sexualidade, que são muito mais comum do que se imagina, percebemos uma precoce valorização do corpo e da sexualidade simbólica. Vale ressaltar que esta exposição precoce, tanto real, como simbólica, não atinge apenas as camadas da sociedade menos favorecidas financeiramente. Pois, as pessoas que nos procuram por atendimento particular, não são poupadas da negligência emocional e exposição sexual precoce.

 

Sendo assim, observamos que na atualidade os pais não estão conseguindo, e não estão querendo, ter uma relação vertical com os filhos. Onde pai e mãe exercem a função de autoridade, amor e educação. É muito comum filhos dormirem na cama dos pais, pais dormirem separados por causa dos filhos, pais beijando filhos na boca, tomando banho juntos, trocando de roupa juntos.

 

Não oferecendo aos filhos um olhar de cuidado e discriminação da individualidade. Todos são iguais dentro da família. E estamos colhendo os frutos deste tipo de relação, que principalmente, na adolescência, dispara os sintomas de TOC, pânico, fobias. Pois os filhos são expostos precocemente a uma vivência que seu corpo infantil não está preparado para lidar.

 

Portanto, estamos precisando valorizar o lugar da infância como tal. As crianças devem ser protegidas da exposição de experiências que são naturalmente da vida adulta, para que possamos minimizar o sofrimentos delas.