Procurando Dory, um filme muito além de denunciar uma dificuldade

Foto Autor Post por Daniele Passos

O filme Procurando Dory além de ser fabuloso por seu aspecto estético, traz muito além de apenas denunciar uma dificuldade intelectual de memória de sua personagem principal, a graciosa peixinha Dory.

 

No filme em que se torna a estrela principal, Dory, ainda bem pequena, se perde da família e começa sua vida sozinha. Sobrevive as intempéries de suas dificuldades de memória, vivendo sozinha e muitas vezes  coloca-se em verdadeiras frias nas profundezas do oceano. Porém, com seu jeito singular consegue viver e conviver com a realidade que tinha, pois, o maior legado deixado por seus pais antes desta separação foi “continue a nadar”. Em nosso mundo terrestre, podemos dizer “continue a viver”, “não desista”, “continue a caminhar”.

 

Seus pais, aflitos com a perda de memória recente de Dory, tinham o hábito de sinalizar o caminho de casa com conchinhas, para que caso Dory se perdesse, tivesse maior facilidade de encontrar o caminho correto para casa. Mesmo com estes cuidados parentais Dory se perdeu, entretanto, a ausência de seus pais e das conchas sinalizadoras, não foi fator impossibilitante para que Dory conseguisse percorrer seu trajeto de vida.

 

Apenas quando foi possível ter uma condição interna e emocional, causada muito mais por suas memórias afetivas, do que cognitivas, Dory consegue reencontrar seus pais, sua vida, seus antigos amigos e sua história.

 

Dory não precisou das conchas para chegar novamente a seus pais e nem de uma memória perfeita. Precisou acreditar na potencialidade da vida e na perseverança de encontrar boas relações afetivas. Não foi fácil! Seus amigos, muitas vezes não confiaram nela. Sofreram, se perderam, passaram por dificuldades durante a vida junto a Dory.

 

Seria muito limitante pensar a questão da dificuldade de Dory, como o tema central deste filme. Ou, então, apenas olharmos a parte engraçada, lúdica, referente apenas ao entretenimento. Dory é uma personagem que traz consigo questões da vida “não perfeita”, questão sobre a importância da amizade, a importância da família, a importância dos pais, questões relacionadas ao abandono, à solidão, à diferença. Um filme que a personagem cativa por sua graciosidade, afetividade, bondade e leveza.

 

Aos pais, especificamente, confiem em seus filhos! Construam boas relações afetivas. As memórias afetivas são essenciais para uma vida emocional saudável. Além disso, podemos considerar que fomos bons pais, quando nossos filhos conseguem viver com a nossa ausência. E Dory confirma isso, venceu não por suas “dificuldades”, mas sim por acreditar que deve-se sempre continuar a nadar.

 

Daniele Passos

Agosto 2016